O secretário de Saúde do Município de Nanuque, Paulo Jeová, esteve, no dia de ontem (25), na Câmara Municipal para prestar esclarecimentos sobre as medidas que estão sendo tomadas na cidade no combate ao novo coronavírus. Em sua participação, o secretário defendeu o protocolo do Governo Municipal no Decreto 43/2020, de 22 de maio. 

Segundo o secretário, o município foi contemplado com verbas parlamentares com um valor de R$ 1.190.000,00. Jeová revelou a deficiência do setor ao dizer que o sistema de saúde municipal não tem capacidade para atender pacientes de alta complexidade. Para isso, seria necessário a cidade contar com recursos mais avançados. Ele contou que a saúde municipal conta com sete leitos para atender pessoas infectadas pelo COVID-19. “Necessitamos de mais investimentos no setor. Até porque, Nanuque é sede de uma microrregião de saúde que atende uma população regional de 70 mil pessoas. Os sete leitos de que dispomos serão usados para atender também, as cidades de Serra dos Aimorés e Carlos Chagas e de outras cidades do entorno”, pontuou. 

Jeová teme que uma proliferação rápida do vírus possa colapsar o sistema, já que a cidade não dispõe de leitos para o atendimento. 

O presidente da Câmara Municipal, vereador Solon Ferreira da Rocha Filho, criticou o Decreto 43/2020. Ele lembrou de países que não adotaram o isolamento social e que estão sem um contágio acentuado. Solon citou que o governador de Nova York (Estados Unidos), Andrew Cuomo, revelou uma pesquisa feita naquele estado onde cerca de 66% das pessoas infectadas pelo novo coronavírus estava em isolamento social. Ele defende que os decretos baixados pela Prefeitura de Nanuque devem ser revistos. “O Comitê de Saúde de nosso município toma decisões sem um estudo específico. A renda per capita do povo brasileiro não pode ser comparada com o europeu. Aqui, se trabalha durante o dia para se comer no dia seguinte. Ninguém tem reservas financeiras para suportar um isolamento social onde não se tem um prazo para acabar”, disparou o parlamentar. 

Vereador Solon Rocha, presidente da Câmara Municipal de Nanuque

Solon disse ao EM TEMPO que um isolamento social é estipulado para que o sistema de saúde seja equipado para o atendimento. O tempo está passando e não se vê medidas concretas nessa direção. O prolongamento acaba em desobediência civil e o povo, pela necessidade de comprar alimentos, acaba saindo para trabalhar. Isso se houver trabalho. “O fechamento do comércio de Nanuque está acabando com a nossa economia. Muitos empresários que baixaram suas portas não as abrirão mais, o que é lamentável. O Executivo municipal tem que levar isso em conta. O povo precisa seguir o protocolo que incentiva o uso de máscaras e a prática de uma higiene correta. Assim, podemos conviver com o vírus sem prejudicar nossa economia”, ressaltou. 

Apesar de defender o uso de máscaras para as pessoas que necessitam circular pela cidade, o vereador lembrou que já existem médicos que criticam o uso das máscaras. “Eles dizem que as pessoas ao respirar, logo em seguida inspiram o gás carbônico. Isso poderá afetar os pulmões segundo os médicos”, lembrou. 

Segundo o parlamentar, as medidas tomadas pela Prefeitura são impensadas. Ele conta que muitas famílias não têm o que comer. “Como é que elas vão comprar máscaras? A Prefeitura, antes de tomar a decisão de multar pessoas, deveria comprar milhares de máscaras para serem distribuídas junto às pessoas carentes para que elas pudessem cumprir o protocolo estabelecido. Isso é um absurdo o que estão fazendo com o povo de Nanuque. Você sai nas ruas e elas estão movimentadas. Então porque não abrir logo o comércio de vez? Não entendo o que se passa na cabeça desse comitê de crise, criado para combater o coronavírus”, finalizou o vereador.